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sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Kimi, onde está você?

Eu conheci Kimi e sua mãe em uma pequena vila do sertão. Nunca soube o nome da mãe e nem do pai de Kimi. A única coisa que fiquei sabendo, e que me deixou muito irritado, foi o fato de que o pai da menina era muito mal para ela e para a mãe. A sorte era que ele ficava muito tempo fora de casa, tanto que nem cheguei a vê-lo direito, a não ser em uma única vez que o vi passando pelo quintal, mas não vi muita coisa mais que um vulto.

Kimi era uma garotinha de uns cinco anos de idade, linda, meiga, inteligente e muito carinhosa. Eu não conseguia entender que necessidade alguém poderia ter em maltratar uma pessoinha como Kimi. Você assistiu aquele filme de uma menina paranormal chamada Matilda? Kimi era exatamente igual a ela quando tinha a mesma idade dela.

Matilda, do filme homônimo

Pois bem, nessa época, estávamos eu, meu pai e minha irmã em uma casa nessa pequena vila e a mãe de Kimi reclamava dos maus tratos do marido e dizia ter muita vontade de fugir daquele lugar e que queria fazê-lo aproveitando os longos períodos em que o malvado ficava fora de casa.

Resolvemos, eu e meu pai, que as ajudaríamos a se verem livre do facínora.

Não morávamos naquela casa onde as conhecemos e não me lembro muito bem o que, exatamente, estávamos fazendo ali, mas resolvemos trazê-las conosco.

Não me recordo bem o que aconteceu, mas a mãe de Kimi teve que sair às pressas com a menina de lá e quando ficamos sabendo disso, resolvemos procurá-las para tentar descobrir o que tinha acontecido e onde elas estariam. A essa altura, já estávamos apenas eu e meu pai e não sei por qual motivo, nos separamos na busca por Kimi e sua mãe. Me lembro que peguei uma carona em um carro de um senhor que me levou até uma cidade da qual nem fiquei sabendo o nome.

Nessa cidade, encontrei meu pai com seu violão da frente verde. Foi uma ideia que ele teve, tendo em vista que vez ou outra, ele ou eu tocávamos violão e Kimi adorava ouvir nossas músicas. Meu pai tocava o violão de vez em quando, na esperança de que, se a menina ouvisse, acabaria por reconhecer e viria até nós.

Em um determinado momento, estávamos em frente a uma espécie de casa social, grande, se parecendo com o prédio de uma escola, onde tinham diversas pessoas no pátio cercado por uma grade. A situação lembrava um ambiente onde tinha acontecido alguma guerra ou catástrofe natural e aquele prédio seria um apoio às pessoas que, por algum motivo, estavam precisando de alguma ajuda.

Encostamos em uma parte do muro e meu pai começou a tocar alguma coisa. De repente, eis que surge, em uma das portas daquele prédio, Kimi e sua mãe. A menina estava radiante de felicidade. Ela veio correndo em nossa direção e se abraçou com meu pai, que estava mais à frente e mais perto dela. Eu a peguei nos braços logo em seguida. Kimi estava com um sorriso e um olhar de felicidade encantadores. Dei um beijo no queixo dela e ela ampliou ainda mais aquele lindo sorriso. Eu estava muito feliz por tê-las encontrado, e foi nesse momento que acordei e percebi que, apesar de parecer tão real, a ponto de até hoje eu lembrar todos os detalhes, tudo não passou de um sonho.

Talvez eu tenha vivido algo assim em uma vida passada ou talvez, Kimi seja dessa vida mesmo e esteja em algum lugar. Ou seria, ela, a Matilda de um universo paralelo, onde seu pai seria a contraparte da senhora Trunchbull? Há algum tempo, eu tenho uma ideia de que os sonhos possam ser universos paralelos onde entramos, por um portal, e vivemos histórias malucas. A única certeza que eu tenho, é que permanece a pergunta:

“Kimi, onde você está?”

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